O cartão postal da cidade de Xaxim, no oeste Catarinense, não pode ser fotografado e nem impresso. Desde o início do ano, os andaimes escondem a bela fachada da Matriz São Luiz Gonzaga e a previsão é que somente no ano que vem, a partir de abril (se as chuvas deixarem), é que ela estará totalmente restaurada. Aí, então, começam os trabalhos laterais de restauração. Segundo o pároco Frei Gilson Kammer, a previsão da conclusão das obras deverá durar três anos, ou seja, finalizando em 2025. Mas no alto de suas torres já se pode ter uma ideia de como vai ficar a Igreja Matriz. E o que se vê já enche os olhos. Nesta entrevista, Frei Gilson fala da construção do templo de pedra, da Igreja viva, da sua história franciscana


Site Franciscanos – O cronograma das obras de restauro da Matriz São Luiz Gonzaga está em dia?

Frei Gilson – A programação seria em torno de um ano a um ano e dois meses. Então, até abril do ano que vem seria o prazo estipulado pela empresa. Devido às chuvas que estamos tendo, já houve um pequeno atraso, talvez de um mês a dois meses. A empresa, em conversa conosco, disse que assim que melhorar o clima teria mais pessoas para as obras, mantendo com isso o prazo, que teve início em fevereiro deste ano. Juntando a parte interna, deveremos precisar de 3 anos e meio.

Site Franciscanos – Mas o piso interno já foi feito em 2019?

Frei Gilson – Sim, já foi feito o piso e uma parte da elétrica foi concluída, faltando pouca coisa para terminar o projeto elétrico. Foi comprado todo o material, só falta executar e concluir o projeto. O telhado foi refeito há 10 anos e não há necessidade de trocar. Só vai ser feita uma limpeza dos telhados, conserto das calhas para evitar as infiltrações. Então, seria mais na parte externa a recuperação. Para se ter uma ideia, está sendo tirado o reboco solto e trocando pelo novo. Depois serão aplicadas a resina com a mica [substância composta de lâminas finas, com brilho metálico, que constitui um dos elementos fundamentais do granito], e o pó de pedra. Toda essa massa aplicada está dando esta característica original, assim como a cor. Não vai tinta nenhuma. A cor natural da areia e um pouquinho do pó de mármore dá essa tonalidade mais clara. Onde está a cor cinza vai o pó de mármore preto.

 Site Franciscanos – Então está cor que já se destaca é a original?

Frei Gilson – Pegaram alguns pedaços e foram fazendo as amostras até chegar naquilo que eles consideravam o original. Pelos relatos das pessoas de mais idade e naquilo que foi obtido a partir dos estudos é o que está mais parecendo com o original novamente. Ou o mais próximo. Aos poucos, conforme vai descendo a restauração, pode-se ver o conjunto.

Site Franciscanos – Uma obra desse porte tem muitos gastos. Na questão financeira, como consegue buscar recursos?

Frei Gilson – É sempre um desafio. Todo o projeto demanda muito dinheiro, mas temos uma comissão que está à frente e ajuda muito neste processo todo, tanto do estudo, da viabilidade e necessidade da reforma e da captação de recursos. No ano passado, com a Festa de Nossa Senhora da Saúde, e também a festa de Frei Bruno, foram dois eventos que deram os maiores montantes para, vamos dizer assim, dar o pontapé inicial.  Mas também temos as doações mensais, que as pessoas vêm aqui na Secretaria fazer, podendo anotar seu nome no Livro de Ouro, a gente fez o carnê, que as pessoas podem doar mensalmente um valor que podem, além de transferências bancárias ou o PIX. No mês passado, fizemos o “Jantar Dançante” e que deu um bom retorno. De modo geral, o que move este trabalho são as doações das pessoas, tanto financeiramente como nos trabalhos para fazer isso acontecer. E já estamos programando a Festa de Frei Bruno de 2024, que vai estar na 12ª edição, nos dias 9 e 10 de março. Lançamos também o bingo, pois ganhamos um lote como primeiro prêmio de uma doação de uma família, temos os patrocínios dos valores em dinheiro – 65 mil -, de algumas empresas da cidade. Agora, temos a Festa da Saúde, um pouco menor. Todos os movimentos que estão sendo feitos, enquanto tiver esse trabalho de restauração, serão aplicados nessa finalidade. Sem deixar de lado toda a questão pastoral. A partir dos dízimos das pessoas, a gente mantém a questão pastoral e os trabalhos de evangelização. Por isso que a gente precisa das doações, das festas, para que isso seja aplicado na construção e na reforma. Mas é sempre um desafio muito grande a questão financeira nos nossos dias, mas devagarinho a gente vai fazendo acontecer.

Site Franciscanos – No início, este desafio chegou a tirar o seu sono, chegou a te assustar?

Frei Gilson – Quando eu cheguei aqui, há cinco anos, já havia essa probabilidade vinculada a uma reforma bem considerável da igreja Matriz. A partir disso, a gente começou a juntar as pessoas da comunidade, trocar ideias com engenheiros, arquitetos, até que conseguimos encontrar essa empresa –  ARS Artes Sacras -, e tivemos algumas sugestões e ideias. A partir daí se viu a viabilidade desse trabalho, mas o medo sempre existe. Uma preocupação de não conseguir cumprir não só pelos valores financeiros, mas manter o valor  histórico-cultural, que é muito grande na cidade. Então, querendo ou não, a gente tem uma visibilidade e buscar as melhores condições é sempre um desafio, uma preocupação. O medo, acho que nesse sentido, também nos ajuda a não fazer loucuras.

Site Franciscanos – E tem todo um legado franciscano nesta igreja?

Frei Gilson – Desde 15 de janeiro de 1947, que foi lançada a pedra fundamental, e antes disso, os frades sempre moraram e evangelizaram esses lados do Oeste Catarinense, quase de modo geral. Esse legado que os franciscanos, como Frei Bruno e Frei Plácido, que foram os sonhadores e incentivadores do povo a construir essa igreja e depois todos os outros frades que passaram ao longo desses 83 anos que a nossa Paróquia celebra, é justamente isso que a gente está buscando fazer. É aquilo que os frades e o povo viveram e que a gente está revivendo. Então, acho que isso também nos motiva – ao contrário de ter medo e desistir – a deixar esse legado. Envolver as pessoas da Comunidade, nesse sentido, nos ajuda também, nos dá coragem de enfrentar esses medos que temos.

 

Entrevista a Moacir Beggo para o site: franciscanos.org.br